quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Problemas com o tom

Não pensem que estou tendo alguma dificuldade com alguém chamado Tom. Reparem que no título a palavra “tom” está em letra minúscula. O “tom” em questão é a entonação das palavras do mandarim. Êta coisinha difícil! Agora, imagina alguém que sabe pouquíssimo de chinês errando o tom? Pior ainda, não é mesmo? Pois isso está acontecendo comigo.

Vamos por partes. Na língua chinesa uma mesma sílaba pode ter diversos significados, dependendo da entonação ou do tom utilizado. A China usa um sistema oficial de transcrição fonética aceito internacionalmente. É o chamado Pinyin, que foi desenvolvido no final de 1950. O Chinês utiliza quatro tons e um tom neutro. São eles:

Tom
Baliza
Descrição
Alto e nivelado
Começa em tom mediano, então sobe até o topo
Começa de médio para baixo, desce até embaixo e então sobe até o topo
Começa no topo, então desce rápido e forte até embaixo
Neutro
da
plano, sem ênfase


Pra complicar, o 3ª tom, quando imediatamente seguido de um outro 3ª tom, deve ser pronunciado no 2ª tom. Exemplo:

Nǐ hǎo = Ní hǎo (Olá)

Complicado, não é?

Mas não estou aqui pra dar aula de chinês, quem sou eu pra isso. Como disse lá em cima, me enrolei com o tom. Bem aqui ao lado do condomínio onde moramos tem um mercadinho que “safa” bem as principais necessidades. Tem um pouquinho de tudo. Entrei para fazer umas comprinhas e depois de muito procurar, não achei o açúcar. Peguei o celular, liguei para a Amanda e pedi que olhasse no dicionário, como se falava açúcar em chinês. Ela me disse “tang”. Tolinha, me virei pra uma das moças do mercado e pedi “Nimen you tang ma?” (Vocês têm açúcar?). A mulher me olhou com cara de espanto, demonstrando que não estava entendendo nada – e também não fez nenhum esforço pra entender. Fiquei pensando como sair daquela situação. Mandei um “kafei” e fiz como se colocasse açúcar no café, apelando para o “mimiquês”. A mulher começou a falar “kafei, kafei”, achando que eu queria café. Ai, caramba! Eu disse, então, “bu, bu kafei”, que não queria café. Piorei as coisas em vez de melhorar. Gente, cheguei a conclusão de que por aqui o pessoal não costuma brincar de mímica. Por sorte o rapaz que estava no caixa veio ajudar. Eu mandei um “tang” novamente e ele também não entendeu. Perguntei então se ele falava inglês e pedi “sugar”. Ah! Finalmente fui entendida. Ele pegou um saco de açúcar e me deu. Feliz, mas não satisfeita, perguntei pra ele como se fala açúcar em chinês. Sabe o que ele me disse? “Tang”! Tive vontade de sair xingando dentro do mercado, afinal, ninguém ia me entender mesmo. Mas resumindo toda a confusão: o “tang” pronunciado por ele foi o “táng”, no 2º tom, algo como se ele estivesse com dor de barriga “TÂÂâânn”. Não vi nenhuma diferença para o meu “tang”, mas pra eles, eu desafinei feio do tom!

Pra piorar ainda mais a situação, os chineses que vivem em Beijing tem um sotaque puxado para o “r”, no final das palavras. A professora de chinês no Brasil já havia alertado para isso. É como se eles falassem como os goianos e os paulistas no interior – “interiôur”. Exemplo: tem um bairro aqui, o Sanlintun, que eles falam “sanlintur”, com aquele “r” puxadinho no final.

É isso. Vivendo e aprendendo aqui do outro lado do mundo. Mas vou continuar insistindo no meu pobre chinês, pra daqui a alguns meses estar trocando boas idéias com a turma de olhinhos puxados. Zài jiàn! (tchau)

obs.: quem estiver interessado em aprender um pouco de chinês, visite o site http://www.a-china.info

Um comentário:

  1. kkk, Andréa, que avenbtura. Fico feliz que esteja documentando (e de forma tão especial) esta nova fase. Ainda bem que vc tem força de vontade e bom humor. É tudo muito diferente e único o que vai fazer valer mais a pena. Sucesso. Já estou seguindo seu blog e me cadastrei pra receber as novidades por e-mail. Um bj pra Gigi, Caputo e outro super especial pra vc. Deus te ebnçoe sempre. Rosalix e família

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