domingo, 11 de março de 2012

Hong Kong – parte 2

Ao contrário do que acontece aqui em Beijing, Hong Kong tem internet desbloqueada, acesso aos últimos lançamentos do cinema internacional e uma liberdade impossível de se ver na maior parte do país. Lady Gaga, por exemplo, é proibida de entrar na China, mas no próximo dia dois de maio vai se apresentar pela quarta vez em Hong Kong. Os ingressos para o show esgotaram em apenas três horas.
Hong Kong é um dos principais centros de comércio do mundo e considerado um paraíso das compras. Estivemos num dos pontos principais de venda da cidade, no bairro de Mong Kok. Nem é preciso dizer que era chinês pra tudo quanto era lado! Mas Hong Kong também tem muito estrangeiro pelas ruas: de jovens com mochilas nas costas a idosos em grupos de excursão.

Mong Kok: bom lugar para compras, mas sempre muito cheio.
Como passamos em Orlando, no ano passado, e este ano em Los Angeles, antes de virmos para cá, não achamos os preços de Hong Kong tão atraentes assim. Um computador Sony Vaio que nos Estados Unidos custa US$600 sai pelo equivalente a US$800 em Hong Kong. Uma diferença substancial. Mas se compararmos com o Brasil, vale a pena. Fomos a um Outlet e alguns preços chegam ao dobro dos Outlets de Orlando. Em relação à Beijing, então, nem se fala. Apesar de muita coisa “falsa”, é bem mais em conta comprar por aqui. Novamente, se for pensar em termos de Brasil aí vai sair comprando tudo!

Outlet na saída da estação de Tung Chung.
Em dois pontos Hong Kong “ganha” de Beijing: no sistema de transporte e em suas belezas naturais. Alugar um carro em Hong Kong nem passou por nossa cabeça, por causa da mão inglesa. Mas a coisa mais fácil que tem é andar de metrô pela cidade. Várias linhas levam aos principais pontos da cidade. É tudo muito organizado, bem sinalizado e barato. Num terminal digital você clica aonde quer ir e a máquina te dá o preço. Você coloca moedas ou notas no equipamento e pronto. E não se preocupe com o troco: ele cai direitinho pra você. Há cartões para turistas com preços mais em conta, sem limites de viagens por um dia; os trabalhadores que utilizam o metrô diariamente também podem adquirir cartões múltiplos, com direito a várias viagens. Tudo sem complicação. E o mais importante: o transporte é limpo e seguro. Li sobre problemas com batedores de carteiras na cidade, mas não vi nenhum sinal de medo pelas ruas. Pelo contrário: os turistas andam tranquilamente com suas poderosas máquinas fotográficas.

Mapa com as várias linhas do metrô.

Terminal eletrônico para comprar o ticket da passagem.

Passando pelas catracas para pegar o metrô.

Aguardando o trem chegar.

Ainda falando sobre o transporte na cidade. Quando chegamos ao aeroporto compramos nossas passagens para um tipo de metrô especial – o Airport Express - que nos levou a uma estação central em Kowloon. Ônibus com poltronas confortáveis, lugar especial para colocar as malas... Em cerca de 25 minutos chegamos a estação em Kowloon, onde pegamos um ônibus gratuito que nos deixou a poucos metros de nosso hotel. Uma beleza. Na volta a mesma coisa. Pegamos o ônibus, o metrô e chegamos ao aeroporto. Nossos tickets, para um grupo de quatro pessoas, custaram cerca de HK$220, ou seja, menos de R$52 os quatro!

O confortável metrô do aeroporto.

Já ouviu falar dos “escalators”? Traduzindo, “escadas rolantes”. Grande parte das ruas centrais da ilha de Hong Kong é ligada por uma longa cadeia de escadas rolantes. É o mais longo sistema deste tipo, em todo o mundo – 792 metros. As escadas rolantes se misturam às passarelas suspensas, tornando o acesso entre as ruas bem mais fácil e seguro.

Escalators: escadas rolantes e passarelas ligando os principais pontos do centro da ilha de Hong Kong.



Hong Kong também supera Beijing quando o assunto é “beleza natural”. As águas do mar meridional da China são verdinhas e, aparentemente, limpas. Num de nossos tours pela cidade conhecemos a região das praias:  Stanley Beach, que um tem um mercado bom para compras (o Stanley Market), com artesanatos e roupas; e a Repulse Bay. Percebe-se logo que o lugar, que lembra a Riviera Francesa, é point dos ricos. As praias, apesar de pequenas, têm um certo charme. Se o tempo estivesse bom, seria uma parada obrigatória.

Stanley Beach...

... e Repulse Bay...

... a região das praias.

A Riviera dos chineses.

Uma das “atrações” do tour foi um passeio de “Sam Pan”, tradicional barco de pesca da região. Quando olhei para aquela embarcação pequenina tive vontade de desistir. Mais ainda quando dentro do barco fiquei procurando os salva-vidas e percebi que não havia nenhum! O único item de salvamento ali era uma boia velha pendurada no teto. Teto, esse, que era todo decorado com lanternas. Nossa condutora era uma senhora idosa, certamente com muitas “horas” de navegação. O passeio de “Sam Pan” consistiu em uma volta pelo pequeno canal, com direito a uma parada para fotos em frente a um restaurante flutuante e a ver os barcos de pesca e barcos-casas que ficam ancorados no canal. Só coisinha velha.

A timoneira do nosso "Sam Pan". Cadê os salva-vidas?

Navegando pelo canal.


Tradicional restaurante flutuante "Jumbo".
Gigi e a simpática timoneira.
Nosso barquinho indo embora.
A parte gastronômica de Hong Kong é bastante variada. Além das tradicionais comidas chinesa e cantonesa, vi, entre outros, restaurantes com comida tailandesa, indiana, vietnamita, japonesa, italiana, e americana – como tem McDonald’s!! Hong Kong é um lugar onde a mistura do oriente com o ocidente deu certo.
Um dos principais pontos turísticos da ilha de Hong Kong é o Victoria Peak – o Pico Victoria – de onde se tem uma vista privilegiada de todo o porto. Só que nós ficamos sem conhecer esse “visual de cartão postal”, por causa do tempo completamente nublado. A área do pico, na chamada Mid-Levels, a parte alta da cidade, é uma das mais valorizadas da região, e uma propriedade ali pode custar milhões de dólares. A atração fica por conta do trenzinho que leva à Peak TowerTorre do Pico – um dos ícones locais. O trajeto do bondinho, ou trenzinho, lembra muito o do Corcovado, no Rio, só que bem menor. Da estação do trem até o pico são 1.400 metros de distância, que levam até a Torre que está a 396 metros acima do nível do mar. Só para ter noção, você que conhece o trajeto e o Cristo Redentor: a estrada de ferro do bondinho do Corcovado tem 3824 metros de extensão e o morro do Corcovado tem 710 metros de altura. Números bem mais expressivos. E a vista do Rio “É” a vista do Rio!!!

Estação do Trenzinho.

O trenzinho chegando na estação.

A Torre do Pico coberta pela névoa.




Praticamente não se via nada lá de cima.


Uma das atrações da Peak Tower é o Museu de Cera de Madame Tussaud que tem, na entrada, a estátua de Bruce Lee. Conhecemos recentemente o museu de Los Angeles e não entramos nesse.

Estátua de cera de Bruce Lee.


Em Beijing quase não vemos os adolescentes nas ruas, a caminho das escolas – pelo menos aqui onde moramos. Mas lá em Hong Kong vimos muita garotada. Todos, sempre, em seus uniformes bem “mauricinhos e patricinhas”, como se tivessem saído de um dos filmes de Harry Potter. Saia até o joelho para as garotas, meias puxadas até a batata das pernas, e calça social para os garotos. Em comum, as camisas e as gravatas. Jovens em grupo, falantes, alegres, dedilhando seus iPhone...o pessoal aqui de Beijing é mais fechado. Talvez por causa da falta da tal “liberdade”.

No acordo assinado entre o Reino Unido e a China ficou estabelecido que o sistema socialista não seria praticado na Região Administrativa Especial (RAE), e que o sistema capitalista de Hong Kong ficaria intacto por um período de 50 anos. Resta saber o que vai acontecer quando esse prazo acabar. Hong Kong continuará “independente” da China ou terá que se submeter ao socialismo do continente? É esperar pra ver.


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