quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Minha Primeira Ópera


Pela primeira vez assisti a uma Ópera. Foi cansativo, mas gostei. Foram cerca de três horas e meia de espetáculo! Uma experiência diferente, que é pra quem realmente gosta. Confesso que não pretendo repetir – me desculpem os mais cultos e eruditos.
 

A obra que assisti foi Lohengrin, do alemão Richard Wagner. Uma ópera romântica, onde drama e música contam a história de um cavaleiro do Santo Graal em terras germânicas. O espetáculo é conduzido pelo maestro Lu Jia, com performances do coro e da orquestra do NCPA – National Centre for The Performing Arts.


Lohengrin, uma das principais óperas de Richard Wagner.


A trama, dividida em três atos, estava em alemão, mas havia duas opções de legenda: uma, no alto, em inglês, e outra nas laterais, em chinês. Bem interessante. Não imaginava que teria essa opção, por isso “me preparei” lendo um pouco sobre a obra, aqui na web. Foi essencial para entender o enredo.

 
Fato crucial na história é que Elsa - uma das protagonistas - precisava cumprir a promessa feita a seu cavaleiro, que depois se tornou seu marido, de não lhe fazer três perguntas: “Qual o seu nome; De onde veio e Qual a sua linhagem”. Mas como até na ópera colocam as mulheres como “linguarudas” – não gostei disso, Sr. Wagner! – Elsa acaba não resistindo e faz as três perguntas proibidas ao companheiro. Aí ele acaba revelando seu segredo e precisa ir embora, etc e tal. Não dá pra contar aqui toda a história! Quem quiser saber detalhes do drama, tem um ótimo resumo no link abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lohengrin_(%C3%B3pera)
 

O espetáculo, em si, é lento, com pouca movimentação no palco dos artistas - é ópera e não ballet ou uma peça de teatro comum - mas a troca de cenários, um mais imponente do que o outro foi fantástico! Uma coisa de louco! O palco, que parecia pequeno, de repente se abre, um cenário desce enquanto outro, enorme, vem do fundo... É monstruoso! Até um pequeno lago surge no palco! Esses chineses são incríveis!
 
 
As músicas ditam o ritmo da história: hora suave, hora com o rufar de tambores, solos de violinos, flautas... Muito bonito. Uma das obras de Wagner tocadas é o Coro Nupcial – “Here Comes The Bride”, “Lá Vem a Noiva” - mais conhecido como a Marcha Nupcial, muito usada na entrada das noivas em cerimônias de casamento. Na ópera Lohengrin um pedaço dela ela é executado após o casamento dos personagens principais.

 
Clique para ouvir a "Marcha Nupcial", de Wagner.


Lembrei dos muitos discos do meu pai: óperas, clássicos... um de seus xodós, além dos selos e livros. Ele ia gostar de assistir ao espetáculo.
 

O Opera Hall, a sala principal do Teatro Nacional de Beijing, tem traços simples e modernos – nada que lembre os teatros antigos, repletos de colunas nababescas, com poltronas trabalhadas, acentos de veludo. Fiquei no 3° andar – o mais barato – mas a visão de lá era excelente. Como já falei em post anterior, o Opera Hall tem lugar para 2.398 pessoas. Não estava cheio: acredito que com pouco menos da metade de sua capacidade. Os preços variavam de 160 RMB – cerca de R$50,00 – a 680 RMB, além de um ticket VIP, que não sei quanto custa.


O palco do Opera Hall.


Moderno e funcional.


Mas nem tudo é perfeito e destaco um ponto negativo: o espaço entre as fileiras de poltronas é muito apertado. Só pra chinês nanico! Pra deixar alguém passar, só colocando as pernas quase em cima da poltrona do lado. Mas isso parece ser comum por aqui. Notei a mesma coisa na quadra central do National Tennis Center, durante os jogos do Aberto da China, e também no Mastercard Hall, no show do Elton Jonh.

Fui com minha inseparável amiga de bate-perna aqui em Beijing, a Cris, e nos divertimos muito, principalmente com o marido dela, o Fernando, sempre mandando mensagens pelo celular, dizendo “desistam...venham pra casa... tá demorando muito...” Duvido que ele e o Tuninho  fossem aguentar quatro horas de ópera!


A Cris aguardando o início do espetáculo.
Olha o espaço que fica pra outra pessoa passar - entre o joelho
dela e a poltrona da frente. Muito apertado.


Aguardando as três horas e meia de apresentação.
Não imaginava que seria tudo isso!
 

Durante o espetáculo não pude tirar muitas fotos, porque alguns “lanterninhas” ficam estrategicamente posicionados, com aquelas canetas de laser, prontos pra jogar um feixe de luz vermelha nas máquinas e celulares de quem ousa tentar fotografar. 
 

Coisa de chinês: após o espetáculo demos um pit-stop no toillet e estávamos lavando as mãos quando um guarda bateu na porta, mandando a gente sair. Que chato! Estavam com pressa de fechar o local! “Não dá pra esperar, não?”
 

Bravo! Bravo! A ópera já foi. Agora preciso acompanhar uma partida de Pingue-pongue, ou Badmington, uma luta de Kung-fu... Aproveitar essa passagem pela China pra fazer coisas diferentes e, é claro, registrar tudo aqui no blog.

1° ato: um cenário monstruoso.


Momento em que o cavaleiro, ao fundo, chega para
salvar a donzela.


3° ato: os protagonistas "conversam" a beira de
um pequeno lago. Uma parte desse cenário depois se abre para os lados e outra desce, 
enquanto ao fundo surge novamente o cenário do 1° ato.


Ao final da ópera os artistas aparecem para
receber os tradicionais aplausos do público.



O protagonista de Lohengrin, o tenor canadense - com cara de chinês -
Mario Zhang, agradece ao público. 



Os artistas agradecendo juntos.


Um pouquinho de cultura não faz mal a ninguém:


·       Os 200 anos do nascimento de Richard Wagner serão comemorados em 2013 – ele nasceu em 22 de maio de 1813 e morreu em 13 de fevereiro de 1883, perto de completar 70 anos.
 
Desde 2010, várias salas de teatro em todo o mundo estão homenageando com performances especiais, um dos mais importantes mestres da ópera. Atualmente 22 salas de produção exibem as novas versões de Lohengrin.

 ·       Lohengrin inspirou Giuseppe Verdi a escrever “Aida” e “Um Ballo in Maschera”. Só que ao contrário da obra do compositor alemão, o tema do mestre italiano é apontado pelos críticos como “mais deprimente”.

 ·       Ópera é um gênero de teatro que combina música instrumental e canto. A letra de uma ópera, chamada de “libreto”, é cantada e não falada. A ópera é considerada o casamento perfeito entre a música e o teatro. Richard Wagner chamava suas óperas de “dramas musicais”.

 ·       A ópera tem origem na Itália do século XVII, por isso a maioria das peças é encenada em italiano ou latim.

 ·       O Brasil também teve famosos compositores de ópera, como Carlos Gomes e Heitor Villa-Lobos.


 ·       Os artistas do espetáculo:

Mario Zhang – tenor canadense – como Lohengrin
 
Wang Wei – soprano chinesa – como Elsa
 
Anton Keremidtchiev – barítono búlgaro – como Telramund
 
Yang Guang – meio-soprano chinesa – como Ortrud
 
Guan Zhijing – baixo chinês – como o Rei Heinrich
 
Liu Songhu – barítono – como o arauto








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