domingo, 24 de fevereiro de 2013

A Orquestra Sinfônica de Beijing


Nossa vida cultural continua agitada aqui em Beijing. Ontem à noite fomos assistir a apresentação da Osquestra Sinfônica de Beijing, no Salão de Concertos da Cidade Proibida: o NORINCO Spring Concert 2013. NORINCO, a patrocinadora do evento, é uma das mais poderosas empresas do setor de defesa e tecnologia da China.


Capa do programa.



Um dos tickets para o espetáculo.


O Salão fica no Zhongshan Park (中山公园 Zhōngshān Gōngyuán), antigo jardim imperial localizado nas dependências da Cidade Proibida, mas que está fora da parte da Cidade cercada pelos muros. 

É a partir daqui que o público tem acesso à Cidade Proibida,
para visitação. Além desse ponto, durante o dia, só pagando ingresso.
O Salão de Concertos, no Zhongshan Park, fica a oeste.


Não é de hoje que os chineses apreciam uma boa música e uma boa ópera. Vide a tradicional Ópera de Pequim, criada lá pelos idos do século XVIII.

O público presente era bem diversificado: homens e mulheres, jovens e até crianças. Aqui de casa foi a família toda, afinal, não é sempre que temos a oportunidade de acompanhar um espetáculo como esse. As meninas gostaram e nós também. É impossível não ficar encantada com o rufar de tambores, a melodia das flautas, dos saxofones, os violoncelos, os violinos... São tantos instrumentos. Eu, particularmente, acho encantador o movimento sincronizado que os violinistas acabam proporcionando: parece uma dança. Uma bela harpa dourada estava também entre os instrumentos.

A Orquestra Sinfônica de Beijing, fundada em 1977, é uma das mais premiadas da China e já foi aclamada em diversas partes do mundo. Acho que tinha uns 50 músicos, dos quais contei seis estrangeiros. O resto tudo de “olhinho puxado”.

O maestro regente, Tan Lihua, foi um show a parte, além de uma simpatia. Se para os leigos seus movimentos de mãos pra lá e pra cá parecem engraçados, para a orquestra eles definem o compasso e a velocidade com que a obra deve ser executada.  Como dizia o compositor alemão Richard Wagner "a regência resume-se em duas funções: saber onde está a melodia e dar à orquestra o andamento justo".

O maestro Tan Lihua estava sempre com uma carinha
como essa da foto, que peguei na internet. Uma simpatia.


Foram ao todo 15 músicas executadas no programa. Como sempre os chineses não deixam de tocar algumas das grandes obras italianas, como “O Sole Mio”, “Nessun Dorma” e “Brindisi. Já fui a jantares por aqui em que no repertório musical não faltou “O Sole Mio. Arroz de festa!

Outros grandes momentos foram as execuções de “Voices of Spring” (“Vozes da Primavera”) de Strauss, com a atuação da Soprano Yao Hong – uma chinesa gordinha que chamava a atenção num longo de veludo vermelho – e a também conhecida “Light Cavalry Overture”, de Franz von Suppé.  

Não sou nenhuma “expert” em música clássica, mas conheço as tradicionais. Graças, é claro, aos muitos discos de meu Pai. No momento das execuções das músicas italianas não pude deixar de lembrar, também, de meu sogro, “un autentico italiano”.

Além da Soprano chinesa, o programa contou com as participações de um Tenor chinês e de uma Solista de Erhu, também chinesa. Erhu (se pronuncia “ár ru”) é um instrumento tradicional aqui da China, também chamado de “violino chinês”, que tem um som diferente, meio estridente. O surgimento do Erhu é bem anterior ao violino: entre os séculos VII e X. Olhando assim de longe se parece muito com um berimbau. Só que o Erhu possui duas cordas e é tocado com um arco – normalmente feito com crina de cavalo – que fica preso entre as cordas. É comum ver pessoas tocando esse instrumento aqui pelas ruas, normalmente para ganhar algum dinheiro.


Erhu, o "violino chinês".


Ao final das apresentações - após cerca de duas horas - o maestro foi e voltou três vezes para a posição dele no palco, para agradecer ao público que não parava de bater palmas. Com isso, ele não deu um “bis”, mas um “tris”.

A última música foi um pequeno trecho do “Orphée aux enfers” (“Orpheus in the Underworld” – “Orfeu no Inferno”) de Jacques Offenbach, que tem o Can-Can, a dança francesa que mistura polca e quadrilha, como tema musical. Aqui o interessante é que o silêncio da plateia durante todas as apresentações deu lugar a um momento de integração entre a orquestra e o público que acompanhou cada compasso, batendo palmas.

“Bravo... Bravíssimo”!

A Orquestra nos momentos finais da apresentação.


De pé, agradecendo aos aplausos.







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