Nossa vida cultural continua agitada aqui em Beijing. Ontem à noite
fomos assistir a apresentação da Osquestra
Sinfônica de Beijing, no Salão de
Concertos da Cidade Proibida: o NORINCO
Spring Concert 2013. NORINCO, a patrocinadora
do evento, é uma das mais poderosas empresas do setor de defesa e tecnologia da
China.
Capa do programa.
Um dos tickets para o espetáculo.
O Salão fica no Zhongshan Park (中山公园 Zhōngshān Gōngyuán), antigo jardim imperial localizado nas
dependências da Cidade Proibida, mas
que está fora da parte da Cidade
cercada pelos muros.
É a partir daqui que o público tem acesso à Cidade Proibida,
para visitação. Além desse ponto, durante o dia, só pagando ingresso.
O Salão de Concertos, no Zhongshan Park, fica a oeste.
Não é de hoje que os chineses apreciam uma boa música e uma boa ópera. Vide
a tradicional Ópera de Pequim, criada
lá pelos idos do século XVIII.
O público presente era bem diversificado: homens e mulheres, jovens e
até crianças. Aqui de casa foi a família toda, afinal, não é sempre que temos a
oportunidade de acompanhar um espetáculo como esse. As meninas gostaram e nós
também. É impossível não ficar encantada com o rufar de tambores, a melodia das
flautas, dos saxofones, os violoncelos, os violinos... São tantos instrumentos.
Eu, particularmente, acho encantador o movimento sincronizado que os violinistas
acabam proporcionando: parece uma dança. Uma bela harpa dourada estava também entre
os instrumentos.
A Orquestra Sinfônica de
Beijing, fundada em 1977, é uma das mais premiadas da China e já foi aclamada em
diversas partes do mundo. Acho que tinha uns 50 músicos, dos quais contei seis
estrangeiros. O resto tudo de “olhinho puxado”.
O maestro regente, Tan Lihua,
foi um show a parte, além de uma simpatia. Se para os leigos seus movimentos de
mãos pra lá e pra cá parecem engraçados, para a orquestra eles definem o
compasso e a velocidade com que a obra deve ser executada. Como dizia o compositor alemão Richard Wagner "a regência resume-se em duas funções: saber
onde está a melodia e dar à orquestra o andamento justo".
O maestro Tan Lihua estava sempre com uma carinha
como essa da foto, que peguei na internet. Uma simpatia.
Foram
ao todo 15 músicas executadas no programa. Como sempre os chineses não deixam
de tocar algumas das grandes obras italianas, como “O Sole Mio”, “Nessun Dorma” e “Brindisi”.
Já fui a jantares por aqui em que no repertório musical não faltou “O
Sole Mio”. Arroz de festa!
Outros
grandes momentos foram as execuções de “Voices of Spring” (“Vozes da Primavera”) de Strauss, com a atuação da Soprano Yao Hong – uma chinesa gordinha
que chamava a atenção num longo de veludo vermelho – e a também conhecida “Light Cavalry Overture”, de Franz von Suppé.
Não sou nenhuma “expert” em música clássica, mas conheço as tradicionais.
Graças, é claro, aos muitos discos de meu Pai. No momento das execuções das
músicas italianas não pude deixar de lembrar, também, de meu sogro, “un
autentico italiano”.
Além da Soprano chinesa, o programa contou com as participações de um Tenor
chinês e de uma Solista de Erhu, também chinesa. Erhu
(se pronuncia “ár ru”) é um instrumento tradicional aqui da China, também
chamado de “violino chinês”, que tem um som diferente, meio estridente. O
surgimento do Erhu é bem anterior ao violino: entre os séculos VII e X. Olhando
assim de longe se parece muito com um berimbau. Só que o Erhu possui duas cordas e
é tocado com um arco – normalmente feito com crina de cavalo – que fica preso
entre as cordas. É comum ver pessoas tocando esse instrumento aqui pelas ruas,
normalmente para ganhar algum dinheiro.
Erhu, o "violino chinês".
Ao final das apresentações - após cerca de duas horas - o maestro foi e voltou três vezes para a posição
dele no palco, para agradecer ao público que não parava de bater palmas. Com
isso, ele não deu um “bis”, mas um “tris”.
A última música foi um pequeno trecho do “Orphée aux enfers” (“Orpheus in the Underworld” – “Orfeu no Inferno”) de Jacques Offenbach, que tem o Can-Can, a dança francesa que
mistura polca e quadrilha, como tema musical. Aqui o interessante é que o
silêncio da plateia durante todas as apresentações deu lugar a um momento de
integração entre a orquestra e o público que acompanhou cada compasso, batendo
palmas.
“Bravo... Bravíssimo”!
A Orquestra nos momentos finais da apresentação.
De pé, agradecendo aos aplausos.
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