quarta-feira, 8 de maio de 2013

Japão x China



Estando na China, não poderíamos deixar de conhecer o Japão. E, por nove dias, foi possível ver como esses dois países, tão próximos, são tão diferentes. Pelo menos, em minha opinião.

Conheci um Japão onde quase tudo é organizado e onde a preocupação com limpeza e higiene é enorme.

Antes de qualquer refeição o japonês limpa as mãos numa toalhinha, de papel ou pano.

Nas ruas as pessoas tem lugar certo pra andar – a direção dos carros no Japão segue a chamada “mão inglesa”, ao contrário da brasileira.

Lá é proibido fumar andando na rua. Há locais específicos para isso, os chamados fumódromos. Existem cabines próprias para os fumantes dentro dos trens bala, por exemplo.

Local reservado para os fumantes no trem bala.

No Japão, quem quiser entrar numa escada ou esteira rolante e ficar parado, deve se posicionar do lado esquerdo, deixando a direita livre para quem estiver com pressa. Para entrar nos trens eles também fazem e respeitam as filas. Nada do empurra-empurra dos chineses que adoram passar a frente das pessoas.

Aguardando o trem rápido e entrando no vagão sem empurra-empurra.

Nas escadas rolantes os mais apressados passam pela direita.

Ponto negativo para os japoneses foi o fato de as bicicletas andarem entre os pedestres nas calçadas. Diferentemente daqui de Beijing, não vi ciclovia nem em Tóquio, nem em Hiroshima e nem em Osaka. Nos sinais havia uma faixa para as bicicletas, somente isso. Aqui, apesar do lugar apropriado para os ciclistas, os chineses andam por tudo quanto é lado, nas calçadas, no meio da rua, na contramão. Vale tudo.

O japonês fala baixo. Nos transportes públicos há sempre um aviso pedindo que os aparelhos celulares fiquem no modo silencioso, pra não incomodar. Também não vi ninguém andando na rua ao mesmo tempo em que falava no celular. Aqui em Beijing isso é comum. E eles falam é alto!

Comparando com a China, é tudo muito diferente. Cada país tem a sua cultura, seu modo de viver peculiar.

A China pode estar a um passo de se tornar a primeira economia do mundo – os Estados Unidos estão em primeiro e o Japão está em terceiro – mas seu estilo de vida não vai mudar radicalmente da noite para o dia. Se é que algum dia vai ser diferente. Duvido muito.

Mas uma coisa que me chamou muito a atenção foi o jeito do japonês se vestir. Ô povinho diversificado! Tudo bem que é um gosto duvidoso, mas como dizem “gosto não se discute”.

O japonês jovem é exótico enquanto que os mais velhos são mais comedidos. As mulheres novas usam cabelo longo, enquanto que as mais “coroas” deixam suas madeixas acima do ombro. E em se tratando de penteado dos jovens, o Neymar por lá seria apenas mais um no meio da multidão. Vi de tudo um pouco. 

Ao lado do Museu Miraikan encontramos dezenas de jovens
como essas meninas vestidas nesse estilo Anime/Mangá
Os japoneses adoram esses desenhos!


Vi muitos jovens, em grupo, usando roupas iguais.


As meninas, então, adoram esse estilo colegial.

Cílios postiços são praticamente um acessório obrigatório entre as mulheres, que estão sempre maquiadas. Agora percebo a diferença do chinês para o japonês: o chinês tem os olhos mais “rasgadinhos”.

Os japoneses são mais altos do que os chineses e também têm fisionomias diversificadas, algumas até bem ocidentais. O chinês tem a pele mais clara, exceto os trabalhadores do campo e aqueles que vivem em contato direto com o sol. Por aqui, pele clara é sinal de status.

No quesito simpatia, não que os japoneses não sejam simpáticos, eles são, mas os chineses são mais “cara-de-pau”, chegam junto, pedem pra tirar foto, ficam encarando... Se para os chineses, principalmente os do interior, um ocidental é um verdadeiro “E.T.”, para o japonês é uma pessoa como outra qualquer. Há quem diga que o japonês não gosta muito de ocidentais, mas não vi nada disso. A verdade é que senti falta dos “flashes” das máquinas e dos celulares dos chineses pedindo pra tirar fotos e mais fotos!!!! Brincadeirinha!!!!!

Outra coisa que me chamou a atenção foi que vejo muito mais estrangeiros na rua aqui em Beijing do que vi nas ruas das cidades que visitamos no Japão. Não é só a China que está descobrindo o mundo, mas o mundo que está descobrindo a China!

É verdade que o japonês come muito peixe. Também, o Japão é um país insular, um arquipélago formado por quatro ilhas – Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku – as maiores, além de outras 6.852 ilhas menores.

As principais ilhas do arquipélago nipônico.


Aqui na China é muita verdura, frango, pato, burro e até cachorro. É preciso olhar bem o que está comendo!

O chinês adora beber água fervendo, enquanto que o japonês adora água com muito gelo!

Lá os chamados “palitinhos” para comer se chamam hashis e aqui na China se chamam kuaizi.

Quando falamos de religião na China, falamos de budismo, taoísmo e confucionismo. Os japoneses mesclam o budismo e o xintoísmo.

É interessante essa diversidade entre os dois países. Nos tempos antigos, o Japão e outros reinos asiáticos foram estados tributários da China. Mas por volta de 894 d.C. os japoneses deixaram de pagar esses tributos e começaram a seguir seu próprio rumo, abrindo-se ao mundo ocidental já a partir de 1868 – na China isso só aconteceu mais de um século depois.

Ouvi várias vezes as pessoas falarem que o Japão é um país muito caro. Não achei nada disso. É caro em relação à China, onde quase tudo é muito mais barato. Mas em relação ao Brasil, o Japão é barato!

Um lanche no McDonal’ds, por exemplo, é mais barato no Japão do que no Brasil. Mas não é mais barato do que na China!

A passagem de metrô mais barata custa 130 Ienes, ou R$2,64 (a passagem varia de preço de acordo com o trajeto). Aqui em Beijing o metrô tem o preço único de 2 RMB ou R$0,66. Não dá pra competir com os chineses.


A região metropolitana de Tóquio possui 13 linhas de metrô, 
fora as linhas do trem comum e do trem rápido.


Painel com as tarifas de acordo com as estações.


Dentro de um trem rápido.


Dentro do metrô.


O metrô também possui um vagão reservado somente 
para mulheres nos dias de semana, até às 9:30.

 
As passagens nos trens de alta velocidade (o trem bala, chamado pelos japoneses de Shinkansen) já não são tão baratas assim, apesar de que se formos pensar no conforto e rapidez do transporte, vale a pena.

O trecho Hiroshima-Osaka saiu a 10.500 Ienes (adulto) ou cerca de R$ 210,00 para um trajeto de 345,4km, numa viagem que durou uma hora e vinte minutos.

Ticket do Shinkansen Hiroshima-Osaka.


Trem bala chegando.


Outro modelo de trem bala.


Quanto ao trânsito, não achei Tóquio tão caótica como também me falaram. Aqui em Beijing sim, os engarrafamentos são enormes.

Me encantei com a variedade de transportes oferecida pelos japoneses. Só não andamos de helicóptero, porque de resto usamos trem, trem rápido, trem bala, metrô, táxi, ônibus, bonde, catamarã, teleférico, van, avião...


O trenzinho da Disney.


No trem rumo ao Disney Sea.


O vagão é todo temático. 


Os retrovisores dos táxis japoneses ficam no capô.


Catamarã do passeio em Hakone.


 Hiroshima possui um sistema de bondes modernos...


...mas alguns modelos ainda são antigos.

Voltamos para o aeroporto de limousine, como eles
chamam os ônibus que fazem esse tipo de transporte.



A moeda do Japão é o Iene ( ¥ / ) (JPY – o padrão internacional).

As notas e moedas de Iene.


Um real (R$1,00) equivale a cerca de 49,305
Um dólar (Us$1,00) equivale a cerca de 99,305
(cotação de 07 de maio de 2013).

Nos hospedamos em hotel categoria três estrelas, em quartos com cama double. Grande ou pequeno? Muuuuiiiitttooo pequeno. O banheiro era compacto e a cama um pouco menor que a de tamanho Queen. As malas ficaram apertadinhas no corredor de entrada. Mas já haviam nos avisado que os quartos no Japão eram pequenos.

Só que isso não foi problema, porque em viagem assim quarto é só mesmo para dormir. Sendo limpinho, tá muito bom. E o café da manhã foi ótimo, com boas opções ocidentais, o que já não acontece por aqui. O café da manhã é sempre um problema para nós ocidentais na China! Por outro lado, os quartos de hotéis chineses são bem maiores.

Como podem ver, existem prós e contras em qualquer lugar. É claro que pra quem se hospeda em hotel de luxo a coisa deve ser bem diferente.

Algo que ficou bem claro é a diferença de estilo de vida entre chineses e japoneses. Nunca vi aqui em Beijing jovens chineses reunidos num bate-papo descontraído, seja durante o dia e, principalmente, à noite. Isso é comum no Japão. Tóquio à noite é um burburinho só, com grupos e mais grupos de jovens conversando ou em filas de bares ou em casas de jogos. Sabe aquelas máquinas de pegar bichinhos e brinquedos com uma garra eletrônica? Elas estão espalhadas por tudo quanto é lugar. Vi até máquina de pegar leque!


Lojas de jogos como essa estão por toda parte.


Tem máquina de bichinhos de pelúcia...


...e máquina de pegar leque!


Mas esse estilo de vida mais moderno do japonês parece estar causando problemas. Durante nosso passeio ao Monte Fuji – vou escrever em detalhes em outro post – fui escutando um guia eletrônico em espanhol e me surpreendi com algumas informações.

De acordo com o guia, o homem japonês após o trabalho costuma sair com os amigos, deixando a mulher em casa para cuidar dos filhos. Ele acaba retornando tarde e não dando a devida atenção a família. Resultado: o número de divórcios tem aumentado. Casar para a maioria das mulheres, e ainda mais depois de ter filhos, significa abrir mão do emprego – não muito diferente de outros países – e as jovens japonesas estão pensando duas vezes antes do casamento. Os jovens estão casando mais tarde e demorando mais para ter filhos. A taxa de natalidade está em queda e a população do Japão está envelhecendo.

Por outro lado, ouvi dizer que o homem japonês deixa todo o dinheiro ganho por ele nas mãos da esposa, para que ela administre tudo. Dizem que o japonês é muito gastão. O homem fica com uma espécie de “mesada”. Gostei dessa parte!!!
  
Encerro esse post com uma informação que bem poderia ter colocado lá em cima. Por que o Japão é chamado de Terra do Sol Nascente? Aqui mais uma vez entra a influência chinesa: há muitos e muitos anos, os chineses se referiam ao arquipélago japonês como a terra onde, ao leste, o sol nasce primeiro.

Nippon ou Nihon, , como os japoneses se chamam, literalmente significa “origem do sol”.

Em cima a atual bandeira do Japão.
O disco vermelho representa o Sol.
A debaixo, com 16 raios, foi usada
pela Marinha Imperial.
Atualmente ela é usada como bandeira naval
da Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF)



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