quarta-feira, 12 de junho de 2013

Festival do Barco do Dragão

Era uma vez um chinês, famoso por sua poesia, que resolveu se suicidar, jogando-se num rio, porque não suportou ver seu país ocupado por forças inimigas. Para salvá-lo, várias pessoas se lançaram no rio e começaram a jogar trouxinhas de arroz para alimentar os peixes, numa tentativa de evitar que eles atacassem o corpo do chinês suicida. Diz a lenda, ainda, que um antigo médico resolveu derramar uma aguardente na água, para “embebedar” os peixes. Nada disso adiantou.

O chinês da história era Qu Yuan, grande poeta e patriota do país. No ano de 278 a.C., ao saber que seu reino havia sido ocupado por tropas do Reino Qin, Qu Yuan foi tomado por uma grande tristeza e resolveu se atirar no rio Mi Luo, no nordeste da província de Hunan, no quinto dia do quinto mês lunar. Após sua morte, os pescadores do Estado Chu se lançaram no rio, jogando na água pamonhas de arroz – Zòngzi - para distrair os peixes, assim como uma aguardente – Xiónghuáng – para embriagar os animais. 

Essa historinha deu origem ao Festival do Barco do Dragão, Duānwǔ Jié 端午 (numa tradução literal seria “festival do duplo cinco”), uma comemoração chinesa que acontece todos os anos, no quinto dia do quinto mês lunar – esse ano, dia 12 de junho. 

Em memória a Qu Yuan, as pessoas passaram a realizar uma corrida com um barco-dragão, a comer zòngzi e a beber xióng huáng, além de seguirem outros hábitos, entre eles, por exemplo, fazer as crianças usarem colares ou pulseiras, com amarelo, azul, vermelho, branco ou preto, para manter o mal longe delas.

 
Selo retratando o poeta Qu Yuan e um Barco-dragão.


Ganhamos alguns zongzis e eu resolvi experimentar.
Até que estava gostoso. É um arroz doce, meio caramelado.
Existem outros recheados com carne.
"Camila, você já pode dizer que existe pamonha de arroz e não
somente de milho".


Há quem diga que a data, também conhecida como Festa da Pamonha, tem suas origens numa adoração ao dragão: o arroz seria uma oferenda ao Dragão Rei.

Ano passado, não dei muita importância a essa comemoração, mas esse ano resolvi ver de perto como ela é. Pelo menos um pouco dela.

Descobrimos que no Parque TaorantingTao ran ting Gong Yuan, o mesmo onde ano passado fomos soltar pipa – haveria algumas corridas com o barco-dragão.

Não chegamos a ver uma prova, mas vimos os barcos. Na verdade eram apenas quatro.

O barco-dragão é longo e estreito: na proa – na frente – é decorado com a cabeça de um dragão e na popa – atrás – possui uma cauda.


Um barco-dragão.

Detalhes da cabeça de dragão na proa e da cauda, na popa.


Cada equipe é formada por oito pessoas: um proeiro vai marcando o compasso das remadas com um tambor, enquanto seis participantes fazem o trabalho pesado – remam – e um outro fica de timoneiro, ou seja, vai dando a direção do barco manejando o leme.



As equipes no lago do Parque Taoranting eram a azul, roxa, verde e vermelha. 



Os integrantes dos barcos realmente pareciam se divertir. Vi um dos grupos balançar o barco pra lá e pra cá, ameaçando jogar todo mundo na água.

Em outro o timoneiro não acertava a direção da embarcação e chegou a bater na borda do lago. O desajeitado resolveu trocar de posição com um dos remadores. Melhor assim.

O difícil era os quatro barcos-dragão passarem por entre as dezenas de pedalinhos e barcos a motor com os quais dividiam espaço no lago. Vi pedalinho batendo em barco, e pedalinho batendo em pedalinho. Só barbeiragem.

Não sei onde o chinês é pior, se no trânsito ou na água. Mas o legal é que eles não se estressam e levam tudo na esportiva: ficam só rindo. Afinal, tudo é festa!



Um barquinho passando no meio dos barcos-dragão.


Equipe azul indo embora.


O lago repleto de barcos e pedalinhos.


O que mais tinha era criança dirigindo os barcos a motor.


Olha o "engavetamento" de barcos e pedalinhos.
"Chinês no volante, perigo constante".


Por conta do Festival as meninas não tiveram aula de segunda à quarta-feira. Em compensação, a Gigi teve aula no sábado e no domingo. A faculdade da Amanda não teve aula extra.

O Festival do Barco do Dragão é um dos sete feriados oficiais da China. Meu primo Fernando, um dos “seguidores” mais ativos aqui do blog, me perguntou recentemente quantos feriados há na China. Vou tentar falar sobre isso no próximo post.




Mais fotos do Parque Tao ran ting

Passeando no Parque.

Grupos de mulheres dançando.


Passatempo chinês: usar água para escrever ideogramas
no chão com esses enormes pincéis.


Várias pessoas pescavam nos pequenos lagos espalhados pelo parque.
São peixes pequenos, tipo de aquário.
Eles pescam e colocam os peixes em baldes.
Dizem que devolvem depois. Será? 


Alguns idosos jogavam pingue-pongue...

...enquanto outros jogavam cartas. 


Essa chinesa estava fazendo uma sessão de fotos. 


E essas duas brasileirinhas encontraram água de coco!!!!


Bandeirinhas enfeitando a orla do lago.


A equipe roxa dando um tempo pra descansar.


Vale até carregar o carrinho de bebê dentro do barco.


Um dos vários templos ou pagodas do parque.



Uma das entradas do parque.


Adorei esse carrinho. Muito fofo!
Já vi vários iguais, mas esse estava novinho.







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