sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Mandarim - Como escrever num computador na China? – parte 2


Muita gente me faz essa pergunta do título do post. Escrever os caracteres usando um teclado de computador parece algo incompreensível.  O teclado é diferente? Não! Os teclados são iguais aos nossos. Alguns até possuem alguns “radicais” que ajudam a inserir o Mandarim, mas confesso que não vi nenhum por aqui.

Mas para escrever os caracteres é preciso usar o método pinyin. Mas o que é isso?

O Hànyǔ pīnyīn (汉语拼音) é um sistema de romanização que foi desenvolvido por um comitê governamental da República Popular da China (RPC)e aprovado pelo governo do país em 1958, com o propósito de ensinar a pronúncia do Mandarim padrão nas escolas chinesas. 

O Mandarim padrão (标准普通话, biāozhǔn pǔtōnghuà), também conhecido como chinês oral padrão, é a língua chinesa oral moderna utilizada como idioma oficial da China. É chamado normalmente de pǔtōnghuà (普通 "fala comum").

Em Taiwan o Mandarim padrão é conhecido como guóyǔ.

No caso do uso do Mandarim nos computadores, em sua transposição para os teclados, é preciso que o usuário digite como a palavra é pronunciada para fazer com que o símbolo correto apareça. Normalmente, baseado no contexto, o programa exibe uma lista de possíveis caracteres. Aí é que a coisa se complica, porque é preciso ter a noção da pronúncia do caractere para fazer a escolha certa. Se você domina a língua vai ser moleza escolher entre eles, caso contrário às vezes são tantas as opções que é impossível decidir qual caractere escolher.

Os celulares utilizam o mesmo método. Ao digitar o pinyin o programa mostra os prováveis caracteres correspondentes.

Existem vários métodos para escrever os caracteres nos computadores, cada um adaptado para uma região, contexto e língua diferente. Além do pinyin, um dos mais conhecidos é o método Cangjie. Nele cada tecla recebe um símbolo que é chamado de “radical” ou “raiz”. A partir deles você pode formar outros sub-radicais, formando praticamente todos os caracteres. Para uni-los você deve pressionar os botões ao mesmo tempo.


Exemplo de teclado com o método Cangjie.


Modelo de teclado chinês à venda na internet.


Agora veja esses dois modelos estranhos de teclados chineses:
Certamente são protótipos que não tiveram sucesso.
  
Quer tentar entender como descobrir qual o caractere correspondente a uma palavra? Vamos lá.

Experimente entrar no Google tradutor. Selecione a opção de tradução do português para o chinês simplificado.

Digite a palavra “cabelo” no espaço reservado para o português. A tradução em chinês sairá do lado direito. Em cima os caracteres correspondentes e embaixo o pinyin, como se pronuncia a palavra, "tóufǎ"



Agora faça o contrário: tecle no ícone das setinhas para inverter a tradução, passando de português-chinês (simplificado) para chinês (simplificado)-português.


Apague tudo que inseriu e lembre-se do pinyin anterior. Digite primeiro “tou” e você vai ver aparecer pelo menos cinco opções de caracteres. Nesse ponto é que você precisa ter a noção da língua, para saber qual deles escolher. Como vimos a palavra anteriormente, sabemos que devemos escolher o primeiro ().





Depois digite “fa”. Outras cinco opções aparecem. Escolha também a primeira ().



Pronto: os caracteres “头发” aparecerão na caixa de texto da esquerda. Embaixo a pronuncia “tóufǎ” e do lado direito a tradução “cabelo” (“cabelo” da cabeça, porque cabelo do braço tem outro nome, “yóu” = pêlo).


  

Tente com outras palavras e veja se consegue. Boa sorte!

Mandarim - A Língua Chinesa – parte 1


O Mandarim é a língua oficial chinesa. Só que por conta da diversidade cultural existente no país – consequência de seu amplo território, a China é o segundo maior país do mundo – a Língua Chinesa possui uma variedade de dialetos, sendo grande a diferença entre eles.

Um chinês de Beijing – que fica no norte - por exemplo, pode não entender o que um chinês de Sanya – no sul - fala, somente por causa do “sotaque”. Ou um chinês de Beijing pode não conseguir se comunicar com um chinês de Hong Kong por conta das variações da língua. O mesmo acontece com o pessoal de Beijing e Shanghai.

Os principais dialetos do chinês são:
·        O Mandarim, considerado o idioma oficial da região de Beijing é, teoricamente, falado em toda a China, incluindo Taiwan

·        O Cantonês é falado em Hong KongMacau e Cantão (Guangzhou);

·        O Sichuanês é falado no centro da China (região de Sichuan e Chongqing);

·        O Hakka é falado na porção mais ocidental da China.


Quando soube que ia morar dois anos e oito meses na China, uma das primeiras coisas que me veio a cabeça foi: como vou entender o que está escrito nas ruas, nas placas, jornais? Como vou entender o que estarão falando comigo? O Mandarim é tão difícil! E aquele monte de caracteres?


Bem, já estou há um ano e dez meses por aqui, as dificuldades com a língua chinesa existem, mas com o pouco que aprendi consigo me virar e “me entender” com os chineses. No Brasil fiz um cursinho, mas que valeu de muito pouco, somente para ter uma pequena noção da língua, porque a realidade é completamente diferente. Não quis me matricular em nenhum curso por aqui, porque acho que já “estou velha” e não vou usar a língua chinesa no futuro. Vi como um desperdício de dinheiro. O futuro pertence às minhas filhas: essas sim, fiz questão que aprendessem a língua do futuro - ou já seria a do presente, diante de todo o avanço da China no mundo moderno?


Não entrei em curso, mas fui me virando sozinha, aprendendo com programas como o Rosetta Stone, tirando dúvidas com minhas filhas e meu marido... Hoje em dia me viro bem na rua na hora das negociações ou em casa com a empregada. E, pra não ficar na mão, sempre que preciso uso o tradutor do celular, que é uma mão da roda.


O Mandarim é difícil? Sim e não.


A China utiliza os caracteres, no qual cada símbolo representa uma ideia ou conceito pronto. É como se cada “letra” representasse uma palavra inteira. A escrita chinesa é caracterizada pela ausência de um alfabeto. Existem milhares de caracteres que podem ter diferentes significados, dependendo do contexto. É uma língua baseada em tons, o que pra nós ocidentais é uma loucura. Um tonzinho errado e a palavra e o significado são outros.


Uma palavra pode ser pronunciada com até cinco entonações diferentes, o que altera seu sentido. Veja o exemplo da palavra “ma”:

mā (mãe)
má (erva),
mǎ (cavalo),
mà (xingar),
ma (partícula interrogativa),

Como transformar um nome “ocidental” para o chinês? Vamos pelo som. Veja o exemplo do meu nome:

Andrea = Ān dé lái yǎ  ou  安德莱雅.


Interessante, não é mesmo?

Escrever os caracteres é uma arte. Pelo menos pra mim. Mas tudo é bem diferente com a garotada: vejo minhas filhas escrevendo e fico toda orgulhosa. A Amanda, por exemplo, já aprendeu mais de 2.500 palavras – apesar de ser difícil guardar todas. E a Giovanna “desenha” os traços com a maior facilidade.


Se escrever os caracteres é difícil, construir as frases em chinês, nem tanto. A gramática da língua chinesa é relativamente mais fácil que a de outras línguas. O chinês não tem trocas de gênero nem de número. Os verbos mantêm-se imutáveis em todos os casos e em todos os tempos gramaticais. Por exemplo, o verbo “ser” (shì) não se conjuga, seja quem for o sujeito ou o tempo:

Eu sou brasileiro.
shì bāxī rén
巴西人

Ela é brasileira.
shì bāxī rén
巴西人

Ele é brasileiro
shì bāxī rén.
巴西人

Outro exemplo:

Eu vou ao supermercado.
chāoshì
超市

Ela vai ao supermercado.
chāoshì
超市
Ele vai ao supermercado.
chāoshì
超市

Nós vamos ao supermercado.
Wǒmen chāoshì.
超市

Eles vão ao mercado.
Tāmen chāoshì.
超市


Repare que a única coisa que mudou nas frases foram os caracteres correspondentes aos pronomes (em negrito). O verbo (em vermelho) permaneceu igual.


Só o fato de não ter que flexionar os verbos é ótimo! Imagino o chinês aprendendo português. Deve ficar maluquinho com tanta regrinha.


Não sou nenhuma “expert” em chinês, mas posso afirmar que no dia a dia a gente vai absorvendo muitas palavras e até mesmo “decorando” alguns caracteres.


Mas quantos caracteres existem no idioma chinês? São cerca de 80.000 caracteres –  o caractere chinês é chamado de Hànzì (- que representam palavras ou fonemas, sendo que atualmente são usados em torno de 7.000. Estima-se que para ler um jornal é preciso conhecer ao menos 2.500. Uma pessoa culta consegue identificar entre 3.500 e 5.000 caracteres. O chinês utiliza 4000 caracteres para a alfabetização.


Nas décadas de 50 e 60, o governo chinês promoveu a simplificação de muitos caracteres, através de uma diminuição do número de traços e a China passou a adotar os caracteres simplificados.

Exemplo com a palavra "país" =  guójiā

Chinês Tradicional    國家
Chinês Simplificado  国家


Eu imaginava que era só sair “rabiscando” os caracteres da forma que eu bem entendesse. Mas não é nada disso. Cada caractere é composto por um determinado número de traços. Estes devem ser escritos numa direção definida e também numa determinada ordem. Não é muito diferente de como aprendemos a escrever no Brasil.

Caractere “hǎo” (bom)


Ordem dos traços 
Sempre de cima para baixo, da esquerda para a direita.



Escrevendo nosso alfabeto
Quando começamos a escrever também 
aprendemos a "desenhar" as letras seguindo uma direção.


Existem caracteres que fico olhando e me parece impossível decifrar em qual sequência foram escritos.

Para os leigos são tracinhos complexos, mas para os chineses algo tão fácil como é pra gente escrever a letra “A”.

No próximo post tento explicar um pouco como se usa o teclado de um computador para se escrever o Mandarim.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Amistoso de futebol - Brasil 2 x 0 Zâmbia


“Decepcionante”. Essa palavra define bem o que foi a partida amistosa entre Brasil e Zâmbia, na noite de terça-feira aqui em Beijing.


Eu e Amanda aguardando
a chegada do ônibus, em
frente ao The Place.



No ônibus, a caminho do estádio.

A Seleção Brasileira entrou em campo já em ritmo de final de ano, sem vontade, com o dever apenas de cumprir o contrato de trabalho, ou seja: mais um amistoso chinfrim para agradar não sei a quem. Porque a torcida não foi. Dizer que foi uma partida preparatória para a Copa do Mundo é até brincadeira!


Brasil e Zâmbia entram em campo.


Antigamente, um amistoso contra um país sem tradição no futebol como Zâmbia era sinônimo de goleada, de festa verde e amarela. Só que os comandados de Felipão preferiram ficar tocando a bola pra lá e pra cá, quase não chutaram a gol... Emoção zero... Uma firula aqui e ali... Os africanos, como sempre, correram muito e nada fizeram. Mas no futebol mundial não existe mais time bobo e a seleção de Zâmbia se fechou lá atrás, complicando a vida da nossa seleção. Mas, sinceramente, deixar que Zâmbia “complique” a vida do Brasil é sinal de que há algo errado.



Felipão na beira do gramado passando instruções.


Foi a primeira vez que a Seleção Brasileira jogou no Estádio Nacional de Beijing, mais conhecido como Ninho de Pássaro, que nem estava lotado. O setor superior, inclusive, ficou fechado. Os torcedores brasileiros estavam muito dispersos, quando legal seria se concentrarem mais e se unir numa torcida só. Zâmbia também tinha seus fãs e eles até fizeram um pouco de barulho.


Nosso grupo esteve sempre bem animado, tentando impulsionar os jogadores com gritos e músicas, só que mesmo com o apoio de alguns chineses simpatizantes, foi difícil fazer um coro mais forte, num estádio tão grande. 


Olha a gente na telinha do SPORTV!



Parte da nossa animada torcida.

Não podia faltar a bandeira do Vasco, que coloquei ao lado da
bandeira do Brasil, presa na mureta. 
Também levei a do Fluminense, em homenagem ao meu marido
que não foi ao jogo porque estava viajando.



O lateral Daniel Alves foi o único que nos acenou antes da partida começar e ao final do jogo. O time brasileiro nem ao menos se preocupou em formar no meio do gramado para agradecer o apoio da torcida, como costumam fazer ao final de algumas partidas. Quando o árbitro encerrou o jogo, eles trataram logo de fugir para o vestiário. Como falei, Daniel Alves, mesmo lá de longe, bateu palmas e acenou para a gente.


Daniel Alves se prepara para cobrar o lateral.
O único "simpático".


Mesmo sem o brilho que esperávamos da seleção, nos divertimos. Tentamos várias vezes puxar uma “ola”, mas só depois de algum tempo é que a onda se formou e todo o estádio acabou entrando na brincadeira.


O Ninho de Pássaro não lotou. 


Tiramos dezenas de fotos com os chineses e acabamos dando boas risadas com um rapaz que tentava repetir nossas músicas e também gritar o nome dos jogadores brasileiros. Para “Hulk” ele dizia algo parecido com “Rudí” que a gente entendia como “pudim” – não sei de onde ele tirou esse som. Quando pedi pra repetir “Dedé”, ele não conseguiu: será tão difícil assim? “Neymar” até saía, num sotaque parecido com paulista do interior, puxando bem o “r”. Foram muitos os gritos de “Bāxī”, Brasil em chinês.



O chinês de azul é o nosso amigo "Pudim".


Esse aqui tirou dezenas de fotos com a gente.
Estava com um bafo de cerveja terrível.
Ele pegou essa bandeira e escondeu dentro da bolsa, na
maior cara de pau.
Mas pedimos de volta e ele entregou, na boa.



Neymar no centro do gramado.

O time comemora o 1° gol da partida, marcado por Oscar.


Placar mostra o resultado final:
Brasil 2 x 0 Zâmbia.


Como sempre me emocionei na hora do Hino Nacional. E ontem, mais do que nunca, ao cantar a plenos pulmões, tão longe da pátria amada, a saudade transbordou pelos olhos.


  
Takes da BTV, estatal chinesa, no momento
da execução do hino.
Olha o patriotismo do Gomes e da filha, Ana Arele.
Linda imagem!


Pena que a festa não foi completa com a goleada que tanto sonhamos. O Brasil venceu, mas não convenceu. Nós, pelo menos, fizemos nosso papel, incentivando e vibrando, sempre! Como cantamos várias vezes...

“Sou brasileiroooo, com muito orgulhooooo, com muito amooorrrrrrrr”!


Me protegendo do frio com a bandeira.



Na saída, um "click" do belo Ninho de Pássaro.


Avaliação dos Jogadores
Time posa para foto antes do jogo contra Zâmbia.



Diego Cavalieri 
No primeiro tempo o goleiro do Brasil defendeu o gol do lado onde estávamos e nós aproveitamos para gritar o nome dele várias vezes. Mas acho que ele está precisando de uma limpeza nos ouvidos, porque não deu a mínima pra gente. 
Não teve trabalho nenhum no jogo.
Nota 2.



Dedé
 Ao marcar o segundo gol da partida, o ex-zagueiro vascaíno se ajoelhou no gramado e chorou, agradecendo aos Céus pela oportunidade de estar na seleção. Foi o primeiro gol dele com a amarelinha. É, Dedé, vai rezando muito, porque a vaga de titular deve ficar mesmo com Thiago Silva. 
Nota 5.


David Luiz
 O jogador mais fácil de se reconhecer em campo, por causa da vasta cabeleira. Jogou o feijão com arroz. 
Nota 3.


 Daniel Alves
 Ganhou nossa simpatia porque foi o único que nos deu um “tchauzinho” lá de baixo. No jogo se movimentou razoavelmente e logo no início da partida quase marca um golaço, num chute forte na entrada da área. 
Nota 4.



Maxwell
Eu nem sabia quem estava na lateral esquerda da seleção. 
Apareceu em alguns lances com Neymar.
Nota 3.


Lucas Leiva

 Chamou a atenção porque era o único do time brasileiro 
com a camisa para dentro do calção, sendo que o calção 
estava puxado bem lá pra cima da cintura. 
Estava horrível. Não comprometeu, mas também
 não merece nenhum elogio.
Nota 3.


 
Paulinho
 Correu bastante, mas também 
não produziu grande coisa. 
Nota 3.


 
Ramires
 Passei o jogo inteiro tentando lembrar o nome dele 
e não consegui. Assim como quase toda a seleção,
 não fez nada de interessante. 
Nota 3.


 
Lucas
 Uma das promessas da seleção, poderia ter se esforçado
 mais para aproveitar a oportunidade.
Nota 3.


 Neymar
O queridinho do momento até que procurou o jogo. 
Mandou uma bola na trave em cobrança de falta 
e participou de vários lances no ataque. 
Parece que a ida para o Barcelona foi boa, 
porque ele melhorou e muito o corte de cabelo! 
Nota 5.


Alexandre Pato
 Esse foi figura nula em campo. Não fez nada.
Pra não dar zero, nota 1.

O pato que faz sucesso atualmente aqui em Beijing é
o pato gigante, de borracha, que está em exposição
no lago do Palácio de Verão.
Preciso ir lá pra ver esse pato.


Henrique
 Entrou no lugar de David Luiz e não teve muito tempo
e oportunidade para aparecer. 
Nota 2.


 
Hernanes
 Mais um que entrou no segundo tempo, 
no lugar de Paulinho. Nada acrescentou. 
Nota 2.


 Voltou para o segundo tempo no lugar de Pato e 
desperdiçou uma ótima chance de gol. Só isso.
Nota 2.


Bernard 
Quando substituiu Neymar eu achei que era uma 
criança entrando em campo. O baixinho até que procurou 
se movimentar, mas assim como os demais 
não estava em dia inspirado . 
Nota 3.


Hulk
 Voltou no intervalo no lugar de Lucas. Deu um chute a gol já no final do jogo e mais nada. Chamou mais a atenção pelo “bundão” do que pelo futebol em campo. É verdade, gente, o cara tem um derrière  e - nor - me!
Nota 3 pelo futebol e 9 pelo tamanho do bumbum!!

Olha que bumbum "saliente".


 
Oscar
 “...and the Oscar goes to Oscar”! O garoto entrou no lugar de Ramires, fez o primeiro gol, mandou uma bola no travessão e ainda perdeu uma chance cara a cara com o goleiro de Zâmbia. Em minha opinião, o melhorzinho em campo. 
Nota 6.