quarta-feira, 14 de maio de 2014

A Guerreira


No post anterior escrevi sobre meu Pai. Mas falar de meu Pai é também falar de minha Mãe.

Se Papai chegou aos 91 anos, muito se deve à minha Mãe. Principalmente pelos últimos anos, quando ela mais uma vez se mostrou incansável diante dos problemas que o “tempo” foi acarretando na saúde de meu Pai. Saúde essa que sempre foi melhor do que a de todos nós. Papai viveu o quê tinha que viver e se foi porque chegou a hora dele. Nessa reta final ele teve a saúde debilitada única e exclusivamente por causa da idade dele.  O coração, além de bom, era de ferro!

Mas se teve alguém que enfrentou uma batalha nos últimos anos, esse alguém foi minha Mãe. Sinceramente, não sei de onde ela tirava forças para cuidar de Papai sem, como diz o ditado, “deixar a peteca cair”. Dar banho, trocar fraldas, fazer e dar comida, levar aos médicos... Vinte e quatro horas diárias de dedicação, sem poder esmorecer.

Hoje, Mãe, você não tem mais ao seu lado o companheiro de 51 anos de casamento, mas ele estará sempre te ajudando, assim como você sempre o ajudou.

Ele mesmo te disse, recentemente, que você era um anjo, ou coisa parecida, não lembro exatamente as palavras. Ele sempre soube que podia contar com você!

Grande parte do que Papai foi, foi porque você esteve sempre ao lado dele, construindo uma família, superando juntos obstáculos... Na alegria e na tristeza, certo?

Você cuidou da Vó Margarida, do Vô Armando, da Vó Maria e agora do Papai, sempre ali, firme. Sem falar dos filhos e netos... Uma guerreira.

Sei que os últimos dias têm sido difíceis, mas como disse antes, “a vida continua” e temos que seguir em frente.

Aproveite o quê a vida ainda tem a lhe proporcionar. Sorria, passeie, divirta-se, chore quando tiver vontade também, mas levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima! Nada de ficar em casa se lamentando. Papai não gostaria disso!

Ainda estou do outro lado do mundo, mas daqui a pouco estou chegando. Eu, o Tuninho, as meninas, assim como o Alexandre, a Gleidy, Dudu e Camila, estaremos sempre, e mais do que nunca, ao seu lado. Sem falar nas suas Amigas Sempre-Vivas, sempre por perto pra fazer seus dias mais alegres.

Mãe, Te Amo e não tenho como agradecer tudo que você fez por Papai e pelo que fez e faz por todos nós. Simplesmente, obrigada por existir!!






A vida continua...


Quem não me conhece e acompanha o blog, deve estar se perguntando se abandonei as postagens. Não. É que o último mês foi um pouco difícil para mim. Tive que ir ao Brasil, de uma hora para outra, porque o estado de saúde de meu Pai havia piorado.

No dia 06 de abril deixei Beijing com uma certeza: estava indo me despedir dele. E foi o quê aconteceu. Cheguei ao Rio de Janeiro no dia 07, pela manhã, após mais de 30 horas de voo, e fui logo vê-lo, na parte da tarde, no horário de visita. Ver meu Pai encolhido numa cama de hospital, magrinho, com tubo no nariz, máscara de oxigênio, soro... Foi difícil. Me segurei como pude para não desmoronar e para dar forças para minha Mãe, e procurei, nos dias em que estive ali ao lado dele, dar-lhe um pouco mais de carinho.

No dia 18 de Abril, Papai completou 91 anos e, na madrugada do dia seguinte, nos deixou. “Deixar” não é bem a palavra, porque ele estará sempre conosco. Não conseguiremos mais tocá-lo, mas sempre conseguiremos senti-lo com a gente, nos guiando, nos iluminando e nos ensinado os caminhos, como sempre fez ao logo da vida dele.

A vida continua e a gente tem que seguir em frente. Pra mim não foi um “adeus”, mas uma “até logo”, porque um dia todos nós estaremos juntos novamente. Abaixo, um texto para meu Pai.



A Deus

Como é difícil dizer "adeus".
Uma palavra tão pequena,
mas carregada de tristeza.

O "adeus" que eu te disse recentemente foi,
na verdade, um "a Deus".
Afinal, agora, você está ao lado Dele.

Isso é que conforta um pouco,
e é o que me faz ter força
para seguir em frente.
Porque você mesmo me ensinou,
que a vida segue, continua.

Hoje, quando me lembro de você,
as lágrimas que escorrem de meu rosto
vem carregadas de tristeza.
Tristeza por você ter partido.

Mas sei que daqui a um tempo,
quando estiver pensando
e me lembrando de você,
que essas lágrimas serão
diferentes: serão das saudades
das boas lembranças.
Afinal, elas são tantas!

A Deus você pertence agora,
ou sempre pertenceu.
Porque se conheci alguém
com tanta bondade no coração,
esse alguém foi você.

Se eu puder ser na vida
apenas um por cento
do que você foi,
acho que quando chegar a
minha hora de partir,
sentirei que tudo terá valido a pena.

Você não está mais aqui,
para abraça-lo e beija-lo,
e isso é o que mais dói.

Desde que você se foi,
não deixei de pensar em você
um dia sequer.
Porque é isso: você estará
sempre comigo!
Em meu coração...
Em meus pensamentos...
Em minhas orações...
Em minha vida...
Te Amo, Pai!