O rápido desenvolvimento urbano de Beijing trouxe progresso, mas também
trouxe problemas para a capital chinesa.
O sistema de transporte da cidade, por incrível que pareça, mesmo com
tantas linhas de metrô – ver post de 22 de Julho "O Metrô de Beijing" – linhas de ônibus e o uso ainda
maciço de bicicletas e motos elétricas, não é suficiente para evitar os grandes
congestionamentos.
Durante o tempo que moramos em Beijing usamos
muito essa moto elétrica. A maneira mais fácil de
fugir do trânsito caótico da capital.
Em Beijing não existe “hora do rush”. Os engarrafamentos são comuns a
qualquer hora do dia, todos os dias da semana – ainda mais porque aqui o chinês
trabalha de domingo a domingo.
A coisa é tão séria que você pode levar 40 minutos para percorrer um
trajeto de 500 metros, numa mesma rua. Além do grande número de carros rodando
na cidade, a situação fica pior porque os chineses não respeitam muito as leis
de trânsito. Eles param os carros nos cruzamentos, fazem o retorno onde bem
entendem e por aí vai. Às vezes parece que deu um nó na rua e que ninguém vai
conseguir sair do lugar, mas depois de alguns minutos de espera “a fila anda”.
Algo comum nos cruzamentos daqui: os carros se misturam
e a impressão que se tem é de que um vai bater no outro.
Andar de carro requer paciência e bom humor. Os chineses adoram uma
buzina. Eu costumo dizer que “primeiro eles devem comprar a buzina, pra só
depois escolher o modelo do carro”.
São muitos veículos! E pensar que há pouco tempo as ruas eram monopólio
das pessoas e das bicicletas. De acordo com o Departamento de Gerenciamento de Trânsito de Beijing, o volume
total de veículos motorizados ao final de 2007 era de 3.13 milhões. Hoje são
mais de 5 milhões.
Veja alguns números sobre o
sistema de transporte da capital:
·
São 88 rotas de ônibus – numerados de 1 a 999.
Pela cidade circulam ônibus
articulados, ônibus comuns, ônibus de dois andares e ônibus elétricos – todos
com ar condicionado.
Ônibus de dois andares.
Ônibus articulado.
·
Nove rodovias expressas ligam o centro da cidade aos subúrbios;
·
Onze autoestradas – as estradas federais – partem de
Beijing;
·
Cinco anéis rodoviários cercam a cidade.
O 1° anel, na verdade, não existe.
Ele seria o que cerca a Cidade Proibida.
O 6° anel é uma continuação do 5°.
O 7° anel ainda é um projeto. Ele vai ultrapassar
os limites de Beijing.
O governo incentiva o uso do transporte público cobrando muito pouco
pelo serviço. A passagem do metrô custa 2
Yuan e a dos ônibus comuns 1 Yuan
(com o “cartão inteligente” paga-se apenas 0,40 Yuan).
Andar de táxi também é barato. A tarifa começa em 13 Yuan pelos primeiros 3km e aumenta 2,30 Yuan a cada quilômetro extra. Após às dez horas da noite a
tarifa sobe 20% (é a “bandeira dois” deles).
Aqui também existe táxi pirata. Eles normalmente cobram um preço fixo,
bem maior do que a corrida num táxi oficial. Mas cuidado! Você pode combinar um
preço e no final o motorista querer outro. Aí é a maior discussão.
Táxis oficiais.
Beijing tem várias estações ferroviárias, sendo que três são
consideradas as principais: Beijing
Railway Station, Beijing West Railway Station e Beijing South Railway Station.
Essas duas últimas estão entre as maiores do mundo. As outras estações são Beijing East, Beijing North, Fengtai,
Guanganmen e Xinghuo.
Estação Beijing West Railway.
Oito linhas ferroviárias partem de Beijing - o principal pólo ferroviário
do país - para outras cidades. Há ainda as linhas do trem bala.
O Trem Transiberiano que
segue para Ulaan Baatar, na Mongólia, e depois para Moscou, na Rússia, parte de Beijing. Existem linhas
internacionais para Pyongyang, na Coreia do Norte e Hong Kong. Essas costumam sair da Beijing West Railway
Station e Beijing Railway Station.
Como já falei aqui no blog, as estações são moderníssimas e dão de
goleada nos aeroportos brasileiros.
Estação Beijing South.
O trem bala.
Nossa primeira vez no trem bala.
São dezenas de plataformas.
Na volta de Datong, em Abril de 2012, andamos no trem mais lento,
que é bem simples.
E por falar em aeroporto, não poderia deixar de citar o transporte
aéreo. O Beijing Capital International
Airport fica a cerca de 20km do centro da cidade e é composto por três
terminais. Movimenta mais de 85 milhões de passageiros por ano. É show! (O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro tem
um fluxo de 17 milhões de passageiros anuais).
Beijing Capital Airport.
Já existe o projeto de construção de um novo aeroporto, já que o atual
não está suportando a demanda. Sua capacidade deve ser de 100 milhões de
pessoas por ano.
Há ainda outros quatro aeroportos de menor capacidade funcionando na
cidade.
Todos esses números impressionam, não é mesmo? Mas mais impressionante
ainda é conviver com isso. Seja na loucura do trânsito, nas modernas estações e
aeroportos, aprendi sempre alguma coisa com os chineses. A maior lição que fica
é que quando os governantes querem eles podem transformar uma cidade milenar
como Beijing, num exemplo de modernidade. A perfeição não existe, mas a vontade
de melhorar e SEGUIR sempre melhorando é algo que dá gosto de ver.
Rapidinhas:
·
O governo estuda implementar um rodízio de carros mais
rígido para diminuir os engarrafamentos e também para diminuir a poluição.
·
Por falar em poluição, está em pauta, também, a
fabricação em maior escala de veículos elétricos e híbridos, que não poluem o
ar.
A poluição é um dos grandes problemas das principais
metrópoles chinesas.
·
Comprar um carro em Beijing não é simples. Primeiro é
preciso entrar num sorteio para obter a placa do veículo. E num sorteio aonde
chegam a participar 1 milhão e meio de pessoas, apenas 18 mil são contemplados.
Para diminuir o número de carros nas ruas e, principalmente, a poluição, o
governo vem diminuindo gradativamente o número de sorteios e sorteados.
·
E só podem participar do sorteio em Beijing, os
residentes permanentes da cidade ou imigrantes que tenham pago taxas na capital
por pelo menos cinco anos.
·
Beijing já foi chamada de “O Reino das Bicicletas”. Em
2009, de acordo com o governo, eram 13 milhões de bicicletas, mas com a chegada
dos carros esse número diminuiu bastante. Estima-se que tenha caído pela
metade. Algumas pessoas costumam dizer o seguinte: “É melhor chorar num BMW do que
sorrir numa bicicleta”. Sinal dos tempos de uma nova metrópole que já
teve a bicicleta como um de seus ícones.
·
Assim como outras cidades chinesas, a capital possui
um sistema de aluguel de bicicletas. Elas ficam a disposição nas calçadas,
perto das estações de metrô. A primeira hora de uso é grátis, depois é cobrado
1 Yuan a cada hora adicional.
Bicicletas de aluguel.
·
Não espere ver o ciclista chinês usando capacete,
colete, luvas ou outro acessório de segurança normalmente exigido em outros
países. Aqui, se tem ciclista com capacete, pode apostar que é estrangeiro!
·
Quem vem a Beijing não pode deixar de andar de riquixá, a tradicional bicicleta
elétrica guiada por chineses – a bicleta-táxi. Mas o turista precisa ficar
atento aos preços. Como sempre os chineses jogam o preço lá no alto, mas uma
“corrida” costuma custar 20 Yuan – num trajeto de uns 5km. Andar de riquixá é viver fortes emoções, porque
os condutores costumam entrar na contramão, cortar carros e ônibus, quase
atropelar os pedestres... É uma grande aventura!
Esse é o riquixá mais tradicional, aberto.
Esse outro é o fechado. Andei nele com os meus primos da foto
e foi realmente uma loucura. O condutor pegou a
Jianguomen, simplesmente a avenida mais movimentada
da cidade, pela contramão.
Aqui o exemplo de um riquixá na contramão.
E eu estava lá dentro!!!
·
Na China você vê transporte de tudo quanto é tipo. Dá até
vontade de levar um deles pra casa. Pena que não é permitido. Já imaginou andar
pelas ruas no Brasil com um carrinho como esse abaixo? Dá pra parar em qualquer
vaga!!!
Não dá vontade de ter um?
E dar uma volta nessa limusine? Deve ser interessante.
Só não sei como um veículo tão grande consegue
se locomover nesse trânsito complicado.
Em Beijing tem até engarrafamento de carrinho de supermercado...
Aqui existe vez para todos: tem até
estacionamento para cadeirante!
Explicando: os idosos costumam empurrar suas próprias
cadeiras de rodas - que acaba servindo como um "andador".
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